Mercado pet se adapta para atender gatos de estimação e seus donos

 

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Pesquisa do Ibope colheu informações sobre proprietários de felinos. No Brasil, 17,7% dos domicílios do país possuem pelo menos um gato.

 

Quem tem bichos de estimação sabe como eles alegram a casa. E se já é do cachorro o posto de melhor amigo do homem, com um pouquinho de charme, os gatos também estão roubando um pedacinho desse amor. É o que aponta uma pesquisa realizada pelo Ibope. Os felinos estão conquistando as famílias brasileiras e influenciando o mercado pet, ainda que, em outras épocas, tenham sido vítimas de preconceito e associados a situações negativas.

 

A pesquisa realizada pelo Instituto Ibope descobriu que tem um pessoal apaixonado e que não mede esforços para se dedicar ao animalzinho. Os donos de cachorros fazem isso muito bem, mas a novidade é que os donos de gatos também se dedicam muito e as vezes mais, já que o comportamento deles é bem diferente do de um cachorro.

 

A Carolina Padovani coordenou o estudo no Brasil, que foi aplicado pelo Ibope em vários estados brasileiros. “O que motivou a pesquisa a ser realizada no Brasil foi a busca pelo entendimento de quem é o brasileiro proprietário de cães e gatos e qual é esse vínculo emocional do brasileiro com esse pet”, explica.

 

Na primeira fase, os pesquisadores colheram informações sobre proprietários de cães, proprietários de gatos e de quem ainda não tem um animal de estimação, mas tem vontade de ter. Essas informações geraram um questionamento para a segunda fase da pesquisa, que trouxe estatísticas que comprovaram as percepções do mundo pet.

 

Segundo o IBGE, o Brasil possui atualmente 52,2 milhões de cães. O número de gatos ainda está abaixo da metade: são 22,1 milhões. Mas os pesquisadores perceberam que esse número vai aumentar e muito. É que o mercado já percebeu algumas mudanças quando o assunto é gato de estimação.

 

Perfil dos donos

 

A pesquisa mostrou também que dos 65 milhões de domicílios no país, 17,7% possuem pelo menos um gato. Os entrevistados foram divididos em três categorias: apaixonados e defensores (são os chamados gateiros), os resignados (aqueles que gostariam de ter um cachorro, mas acabaram por ter um gato) e convertidos (aqueles que não pensavam em ter, foram convencidos por conhecidos e viraram fãs).

 

Mas quem são os donos de gatos? Segundo a pesquisa Ibope, 61% são mulheres com média de 40 anos e 62% moram em casas, 48% acreditam que os felinos entendem o humor dos donos e 45% veem os gatos como filhos.

 

Quem se encaixa nesse perfil é a confeiteira Ana Luisa, de 38 anos. Com a ajuda da filha de 14 anos, ela é a tutora de dez gatos. A casa foi adaptada para eles: prateleira para subir e brinquedo para gastar energia não faltam. A responsabilidade de manter todo mundo alimentado e limpo é da filha Malu. “É acordar cedo, 5h45 e vir aqui alimentar toda a galera. São quatro potes de comida e aí eu fecho eles porque os cachorros ficam soltos. E quando eu chego da escola, eu abro aqui e eles ficam soltos, limpo todas as caixinhas de areia e brinco com eles” conta Malu.

 

Mas quem banca a galerinha toda é a mãe. São 45 quilos de ração só para os gatos todo o mês, fora todas as outras despesas. “Eu poderia dizer hoje que eu tenho três filhos porque o custo que todos eles me dão entre cuidados médicos, com vacinação e vermífugo, castração”, diz Ana Luisa.

 

Mercado de oportunidades

 

Sabendo que quem ama cuida e gasta é que o pessoal que trabalha na área entendeu que é hora de se adaptar. Tem lugar criando espaço e serviços específicos para gatos, como uma loja de banho e tosa em Sorocaba (SP). “Nós percebemos um nicho do mercado. Não tinha um espaço próprio para eles, então nós criamos um específico para felinos com lugar para dormir e se divertir antes de acontecer o banho e tosa”, conta Rafael Siqueira, que trabalhava em outra área e resolveu investir no negócio para cativar um público fiel, os gateiros.

 

O negócio é recente, mas já tem clientela. O Rafael e o sócio cuidam até de gatos de exposição, que precisam de cuidados ainda mais requintados. “Os cuidados, o tratamento, o modo de manusear são diferentes, você precisa ter uma especialização para você conseguir tratar de um gato. Nós atendemos gatos de exposição que vêm fazer o embelezamento para o campeonato”, ressalta Rafael.

 

Outra pessoa que apostou em um negócio para gateiros foi a Fabiana Alves Ribeiro, que largou o emprego em uma multinacional, vendeu casa e carro para investir no projeto dos sonhos dela. “Eu já tinha visto que tanto cafeterias quanto o mercado pet eram mercados crescentes. Falei: vou apostar e acho que isso vai dar certo”, diz.

 

No café, os gatos ficam em um aquário adaptado para eles. São seis gatos de raça e quatro adotivos. A Fabiana conta que a novidade tem atraído cada vez mais clientes. “Todos os dias recebemos clientes novos, pessoas de outras cidades, de outros estados que ficam sabendo e vem até aqui conhecer, graças ao gato”, completa.

 

Ainda de acordo com a coordenadora da pesquisa, o estudo foi feito justamente para ajudar a indústria e o comércio de pets a continuar crescendo e atendendo a todas as demandas. “O gato é um animal do futuro, é o pet do futuro assim como os cães pequenos. Porque é um animal mais prático, requer sim muitos cuidados, mas é o pet que mais se adapta ao novo perfil de família”, finaliza Carolina.

 

http://g1.globo.com/sao-paulo/sorocaba-jundiai/mundo-pet/noticia/2016/11/mercado-pet-se-adapta-para-atender-gatos-de-estimacao-e-seus-donos.html

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